quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme Narradores de Jáve - Por Daniel e Altemar


NARRADORES DE JAVÉ. Produção de Eliane Caffé. Riofilme, 2003. 1 DVD ( 100 min ). Widescreen, Collor.
Eliane Caffé, cineasta paulista formada em psicologia, que demonstrou facilidade em produzir curtas premiadas como Arabesco (1990) e Caligrama (1995), tendo o ator José Dumont, quem em Narradores de Javé interpreta o carteiro/arteiro Antônio Biá, como figura assídua em suas produções.
Narradores de Javé conta a história de uma cidade do semiárido nordestino prester a virar uma verdeira Atlantis, isso devido à construção de uma usina hidrelétrica. Porém tal empreendimento teve que enfrentar o descontentamento da população, pessoas humildes com pouco ou nenhum conhecimento de leitura ou escrita, mas que reconhece estes meios como a unica solução para salvar Javé de um inundamento. Mas o que teria a cidade para contar que faria a ideia da usina ser esquecida? O mesmo que ouvimos de nossos avós, que ouviram dos avós deles: as histórias.
Isso mesmo, a bagagem cultural que aquele lugar construiu até o momento com glórias, lutas e é claro muito humor. Para isto, a população abriu mão do orgulho e recrutou Antônio Biá (José Dumont) para o serviço. Biá, carteiro da cidade, conhecedor da leitura e escrita, antes á margem da sociedade por ter escrito cartas difamadoras sobre a população apenas para aumentar o volume de cartas de sua agência e manter seu emprego, agora tido como salvador da pátria, incumbido de ouvir de todos da cidade e registrar a heróica história de Javé. Daí inicia-se a caminhada de Biá em busca de relatos importantes. Na verdade, todos os fatos comentados tinham as mesmas pessoas mudando apenas, dependendo de quem estivesse contando, o mártir javélico: Maria Dina ou Idalécio, o mesmo que para a comunidade quilambola seria Idalêo.
Tudo parecia estar indo bem e que as histórias estavam sendo registradas, entretanto Biá estava novamente traindo a confiança da cidade, não estava escrevendo o que lhe era relatado, não dava importância devida que a situação exigia, talvez por não acreditar que tudo aquilo pudesse salvar a cidade. Foi então que a cidade descobriu que ele não havia escrito o livro, desse modo nada teve Javé para mostrar e como consequência veio o que todos temiam: a construção da hidrelétrica.
Narradores de Javé abraça a essência do que é nordestino, uma gente de aguerrida, cheia de esperança e que muitas vezes sofre pelo descaso e pela "superioridade" que as pessoas de outras regiões no faz acreditar que existe. Revela o poder econômico divisor de água e precisamente um carrasco de culturas alheias, que para ele não é tão importante para o crescimento nacional.

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